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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

“Onda conservadora é regresso”, acusa presidente da Academia Brasileira de Letras


O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi, manifestou-se contrário ao crescimento dos movimentos conservadores no país. Ele reclama que a “repressão” de obras de arte no Brasil é um “sopro de barbárie”.
Falando à DW Brasil, Lucchesi, que é escritor e professor, demonstra ser um típico representante da intelectualidade de esquerda que tanto influenciou o país nos últimos anos.
Oponente do movimento Escola Sem Partido, ele insiste que “Na escola e nas universidades, devemos ver posições diferentes […] Uma pessoa pode concordar ou não com Marx. Mas ele é incontornável. É parte da história do Ocidente”.
Autor e tradutor, já publicou cerca de 50 livros. Fluente em quase 20 idiomas, ele é “imortal” da Academia desde 2011. Após a enxurradas de críticas por conta de produções artísticas que expuseram crianças à nudez de adultos, ele diz que a revolta popular poderia impactar a produção de livros no país, pois não há uma compreensão exata das coisas.
“Temos visto questionamentos e críticas à arte no Brasil… Essa onda conservadora e moralista pode ou mesmo tirar os clássicos literários dos nossos currículos”, insiste.
Inconformado, ele dispara: “Isso é um regresso civilizacional. Inenarrável. A obra é autotélica. Ela tem uma finalidade em si própria. Ela não está colocada sub judice. A literatura, por exemplo, pode ser boa ou má, mas não santa ou perversa.  Esses movimentos são um sopro de barbárie. A barbárie, como tal, é desprovida de inteligência, desprovida de sentido e de orientação”.
Avaliando o futuro imediato do país, assevera: “O combate à corrupção é importante. Não há dúvida. Mas questão fundamental hoje é o combate à desigualdade. Ela é anterior a tudo. Ou se faz isso ou o resto é maquiagem”.
Lucchesi acredita que a ascensão política dos conservadores está ligada a crenças religiosas, algo que ele também rejeita. “O Estado é laico. Ponto… Esse tipo de política acaba construindo valores que não são de abrangência e de cultura da paz. Ela [a política] tem que ser voltada para cultivar a diferença. O que nos enriquece é que não temos só uma religião, não temos uma única forma de fazer literatura. Temos que defender a pluralidade”, advoga.
Fonte:GP

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