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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Falece a mulher mais idosa da Serra de Santana

Antes de ser acometida pelo AVC, a agricultora Soledade Barros, mesmo avançada em dias, impressionava quem a conhecia, pela lucidez física e mental (Foto de 2014).

Por Eliabe Alves

Faleceu nesta quinta-feita, às 19:10, aos 108 de idade, a centenário Maria da Soledade Barros, vitima de falência múltipla dos órgãos, no hospital municipal de Lagoa Nova/RN. De acordo com informações dos familiares, Maria da Soledade, acerca de quinze dia, havia sofrido um AVC (acidente vascular cerebral), foi internada e depois de três dias voltou para casa, no entanto, mesmo já tendo perdido o movimento de um lado do corpo, ainda  permanecia lúcida. Com passar dos dias, a centenária, apresentava dificuldade com a fala, deficiência alimentar e constantes diarreias.

Maria da Soledade, mais conhecida por "Mãe Dadinha", cuja lucidez, até pouco tempo,  impressionava familiares e vizinhos, no sítio Figueira, localizado no município de Lagoa Nova/RN, onde morara desde 1969. Nasceu em Barão de Serra Branca, área rural do município de Santana do Matos, em 30 de dezembro, no distante ano de 1907. Conforme relatou a este repórter, em entrevista, publicada para o jornal,  em maio de 2014: "Nasci em Barão de Serra Branca. Quando eu era menina, tinha muito medo de cangaceiros, às vezes, me escondia no primeiro andar do sobrando onde morava".

A lavradora Soledade, conforme depoimento, na infância e juventude foi contemporânea do cangaço e,  foi adotada por família de posses. "Fui criada por padrinho rico, de nome Pereira de Medeiros, juiz municipal em Santana", recordou. Deste tempo de bonança, falava com sorriso largo. "Dancei muito nos bailes da intendência de Santana". No entanto, o peso da idade, trazia consigo uma frustração: "Só tenho pena de está dessa idade e minhas pernas não dá para dança". Ainda Segundo ela, para "Desfastear" do sertão, a cada seis meses, ia passear em Natal/RN, na casa do Coronel Francisco Cascudo. 

Com 21 anos, após o falecimento do pai adotivo, retornou à casa dos pais biológicos, que moravam em propriedades rurais, pertencentes a Belisária Lins Wanderley (Baronesa da Serra Branca), situada entre o "Pelado e Logonhinha), que aquela época já estava sob o domínio da família "Assunção". Soledade, por sua vez, casou-se  em 1928, com Manoel Joaquim de barros, esta união matrimonial, sobreveio numerosa descendência, contando:  10 filhos, 41 nestos, 89 bisnetos e 26 tataranetos. Enviuvou  em 2003 e, contava que no início do casamento,atravessou a dureza das estações secas,  padeceu privações de subsistência: "Depois que casei, passei muita fome, para escapar com minha família, comemos muitos sodoros, xique-xique e  fava brava", lamentava. Sobre as labutas no campo descava: "Trabalhei apanhando algodão nas vargens de Tota Assunção e também em casa de farinha de seu Manoel Davi e Dona Leotéria", pontuou.

Em maio de 2014, ao finar a reportagem, a camponesa soledade, que era considerado por muitos; a mulher mais idosa da micro região da Serra de Santana/RN, externou a saudade que sentia das valsas de seu tempo e recordou o prazer que sentia, em plantar batata doce, em épocas de envernizadas. Como mulher religiosa, possuía o hobby de cantar os "Benditos da igreja" e, por esse motivo, encerrou a conversa cantando.

" (...) Não é porque é minha vó, mas, ela foi muito guerreira. Tinha um coração muito generoso... Ficamos com boas lembranças da nossa centenária"

Ericácia Barros - Assistente social.


Veja a baixo: Reportagem, publicada na Gazeta da Serra, em maio de 2014 (Foto: Reprodução).








2 comentários:

  1. Obrigado Eliabe pela omenagem linda que vc fez pra minha biza vó que Deus te abençoe sempre no seu trabalho

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  2. Tive a felicidade de conhecer dona Soledade, impressionava sua lucidez e disposição, foi cantar seus benditos no Reino dos Céus.

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